Sucessão familiar: empresas têm o desafio de preparar próximas gerações para continuidade do negócio

Herdeiros preparados desde a base para dar continuidade à gestão empresarial são decisivos para a manutenção das atividades corporativas. Programas de capacitação ajudam membros da família a lidar com o processo de transição de forma consistente e harmoniosa

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que 90% dos negócios do país são empresas familiares. O percentual significativo leva a outros, também expressivos: o segmento representa 65% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e 75% dos empregos no país são em empresas familiares. Mas apesar da representatividade no cenário econômico, o nicho ainda tem grandes desafios. Talvez o maior deles, segundo especialistas, seja a preparação para a sucessão do negócio. “É de extrema importância que os integrantes de uma empresa familiar se preparem ao longo da vida para o processo sucessório. Não dá para deixar essa questão para o último momento, quando o gestor do negócio está em vias de faltar. Na maioria dos casos, o despreparo é o início do fim da empresa”, comenta Dalton Sardenberg, professor da Fundação Dom Cabral. Estudos apontam que 70% das empresas fecham as portas após a morte do fundador e somente 5% delas chegam à terceira geração. 

Por isso, o investimento em programas de capacitação voltados para formação de líderes e com vistas em qualificar cada integrante da família para o seu cargo dentro da empresa pode ser uma saída bastante eficaz para a saúde corporativa. “Mesmo que um membro não atue efetivamente no negócio, mas tem participação na empresa, ele precisa estar minimamente por dentro dos trâmites corporativos, pelo bem do negócio”, lembra Dalton, destacando que os futuros sucessores têm uma responsabilidade prévia ainda maior – e a vantagem de usar o tempo a seu favor para se capacitar ao cargo.  

De acordo com Fernanda Silveira, diretora comercial da Frechal Construções e Incorporações Ltda, a participação dos integrantes da família em um programa de capacitação foi imprescindível para a manutenção da empresa. ““Fizemos uma excelente escolha ao optar pelo PDA. Após o curso tivemos mais clareza para tomadas de decisão, integração das famílias no processo e entendimento do papel de cada um, bem como processos bem definidos e melhoria no relacionamento. Fizemos o curso com cinco membros da nossa família, alguns executando função dentro da empresa e outros não, e com muita maestria todos os professores souberam trabalhar muito bem o papel de cada um na organização familiar”, relata a empresária, se referindo ao Programa para o Desenvolvimento do Acionista e da Família Empresária (PDA), realizado em Santa Catarina pela Fundação Fritz Müller (FFM), em parceria com a Fundação Dom Cabral, uma das melhores escolas de negócios do mundo.

O professor da FDC ressalta ainda que a sucessão familiar requer planejamento a longo prazo e precisa ser formalizada, inclusive com os amparos legais que o assunto requer. “Um processo bem estruturado e transparente torna a rotina das relações familiares no âmbito profissional mais harmoniosas, facilita a performance empresarial e preserva a continuidade dos negócios familiares”, explica. Foi o que percebeu Thayni Librelato, sócia e conselheira de administração da Librelato S.A. Implementos Rodoviários, que junto com familiares também participou do PDA. “Entender o papel de acionista é primordial para o progresso da organização. O Programa nos preparou para o momento tão difícil da sucessão. Toda empresa familiar deveria se obrigar a fazer, o network é indescritível”, opina.

Em qualquer empreendimento, profissionalizar a gestão garante fluidez e desenvolvimento. No caso das empresas familiares, estar atento à construção de uma base sucessória congruente indica o fortalecimento do negócio e uma gestão mais segura. “A manutenção das operações depende do sistema gerencial que comanda a empresa. Se esse sistema está definido com estratégias organizadas, com a definição do papel de cada agente, a sucessão familiar acaba sendo algo natural e com impacto praticamente zero dentro e fora da corporação”, finaliza Dalton.

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